sábado, 5 de abril de 2025

Uma Resenha Tardia do GNOME 47

Topei com uma review já um tanto antiga do site Dedoimedo (que nome, em?) sobre o GNOME 40 e feita à época do lançamento. Por acaso naquele ano eu acompanhava as lives de código do Georges Stavracas e foi quando pela primeira vez eu tive vontade de usar o GNOME. Hoje tenho instalada a versão 47 no Fedora 41. Enfim, o autor aponta todo tipo de frustrações e deficiências do shell; e parece especialmente revoltado com o fato de não poder minimizar as janelas. Na época eu usava somente o XFCE e acabei concordando com quase tudo.

Mesmo assim, lá em 2023, acabei trocando para o GNOME após ter comprado um notebook com tela 1080p e não conseguir usar escala fracionada (com desempenho decente) no desktop do ratinho. A escala de 125% não fica superboa no GNOME como é no Windows e no KDE, mas, não sei se pelo tema padrão, pelas convenções dos menus ou pela colocação dos elementos na tela, a interface do KDE me incomoda demais, chega a dar uma leve sensação de ansiedade. Minha primeira distro com GNOME foi então o Debian 12 e depois fui para o Fedora 40 devido a alguns probleminhas com o notebook. Tendo usado o GNOME por quase dois anos, depois de dois anos de XFCE, resolvi comentar alguns detalhes que me chamaram a atenção, embora o resultado final tenha se parecido mais com uma apologia.

O Tal do Workflow™

É uma interface
Muito engraçada
Não minimiza
Não tem nem barra

Tanto os que falam bem como os que falam mal mencionam o “workflow”, que é simplesmente o modo como você faz as coisas. Não existe barra de tarefas, nem botão de maximizar, nem de minimizar, nem ícones na área de trabalho. A primeiríssima vez em que usei o GNOME 3 foi um choque, um pouco pela falta dos recursos, mas principalmente devido aos botões IMENSOS. Eu ainda usava um humilde Lenovo G400s com tela 720p e carregado por um celeron. Achei inaceitável a falta de espaço e o desempenho engasgado, então tirei o pendrive, toquei fogo nele, e prossegui para um ritual de purificação (instalação do Linux Mint XFCE). Hoje, felizmente, os botões e as barras das janelas têm um tamanho mais aceitável e o desempenho melhorou bastante.

Enfim, sobre o workflow: acabei acostumando. Na verdade acho melhor do que o paradigma de desktop tradicional em notebooks (graças aos gestos no touchpad). Os botões grandes e a exposição das janelas no overview garantem que eu não precise ficar “mirando” nas coisas, nem catando ícones na barra de tarefas. Uma crítica pode ser feita quanto a necessidade de mover o cursor até o canto da tela para então mostrar os aplicativos e alternar, com a qual concordo. Usar somente o mouse no GNOME é uma tarefa ingrata (embora eu ache o mouse naturalmente cansativo em qualquer sistema). A solução então é usar mais o teclado, principalmente a tecla super, e os gestos do touchpad. Inclusive, chuto ser um incentivo proposital para que o usuário priorize a navegação pelo teclado.

Outra particularidade é que uma nova área de trabalho é criada automaticamente à direita da atual sempre que houver um aplicativo aberto, respondendo de forma simples à demanda por mais espaço. Se você dedicar cada área de trabalho para uma tarefa específica a tendência é haver menos aplicativos na tela e, assim, gastar menos tempo pensando sobre onde clicar em seguida.

Costumo não maximizar as janelas quando estou alternando entre elas frequentemente. Assim posso usar o mouse quando necessário, evitando aquela viagem até o canto da tela. Vai ver é outro incentivo implícito, agora para que tratemos a tela realmente como uma espécie de quadro interativo ou mesa. Acho interessante a percepção de espaço que isso cria; se tem algum impacto na minha capacidade de atenção ou produtividade™, não sei dizer, mas tem algo de agradável.

Costumo deixar entre uma e cinco janelas na mesma área de trabalho, geralmente o suficiente para a tarefa que estou executando. Porém há quem diga que o certo mesmo é exatamente uma janela em cada. É uma preferência que depende muito do tamanho da tela, também.

Extensões

Uso poucas extensões e do tipo que quase não altera o funcionamento do shell. Tem uma que interrompe o carregamento da bateria antes dos 100% (tornou-se recurso nativo no GNOME 48); tem uma de histórico da área de transferência; outra serve para tirar a cor da tela (acredito que esse recurso vem na próxima versão, também); uma extensão para ativar o botão de hibernar, embora eu não use com frequência depois de ter configurado o sleep-then-hibernate no systemd; um indicador de numlock e capslock, porque tenho um teclado sem luzinha; e enfim a extensão da bandeja de aplicativos (aqueles minimizados, tipo a Steam), que, realmente, não dá para ficar sem.

Pode-se dizer que o uso generalizado de extensões indica que faltam recursos essenciais. De fato o GNOME tem (ou tinha?) menos recursos e a remoção da bandeja de ícones sem oferecer alternativas foi uma decisão, sinceramente, idiota, ainda que fundamentada. Mas as extensões resolvem o problema, e permitem um nível de customização praticamente ilimitado, pois alteram o código do shell diretamente. Você pode pesquisar pela extensão que precisa ou desenvolver sua própria usando javascript. Não que seja super trivial, mas a opção está aí para os insatisfeitos.

Uma Crítica

Vindo do XFCE, eu valorizo a estabilidade ao longo dos anos mais do que qualquer outra coisa num programa de computador, até porque isso costuma acompanhar outras qualidades como minimalismo e estabilidade no sentido de não dar pau. Eu sei que posso agora mesmo baixar o Debian 12 com XFCE e encontrar o mesmo ambiente de cinco, dez anos atrás. Já o GNOME passou por aquela mudança abrupta da versão 3 e depois por uma reorganização na versão 4 (ou 40), fora as atualizações regulares de seis em seis meses. Eu gosto de como está agora (fluxo de trabalho, estética, organização em geral) porém, dado o histórico, é certo que cedo ou tarde chegaremos em alguma outra coisa distinta do GNOME atual.

Acredito que hoje o computador, hardware e software, é como um carro: a base já está bem definida e as inovações se restringem a melhorias incrementais. Mesmo assim as atualizações de software são frequentes e sempre mudam alguma coisa de lugar (muitas vezes para pior). Não é sempre um problema nem é algo exclusivo do GNOME, mas eu gostaria muito que ele chegasse num ponto em que os desenvolvedores dissessem “atingimos nossa visão. Só atualizações pontuais daqui em diante”.

Conclusão

É isso a review. Um tanto desorganizada mas acho que toquei nos pontos que me interessam. Até aqui o GNOME tem me atendido bem e as atualizações têm trazido melhorias reais - digo apesar do parágrafo acima sobre estabilidade. O fluxo de trabalho é bastante diferente mas satisfatório, e a estética, dos temas à linguagem de interface dos aplicativos, é caprichada ao mesmo tempo em que não chama atenção para si. É realmente o MacOS do software livre, apesar de, ultimamente, pelo que ouço falar, o próprio MacOS não estar à altura do seu nome.

sábado, 22 de março de 2025

Ogro não saber ler

 

Para não dizerem que me escondo no anonimato aí está uma foto minha.

Postarei aqui minhas impressões sobre livros, (tentativas de) ensaios, opiniões extremistas (ou seja, fatos amplamente conhecidos) e qualquer outro texto maior que me der na telha escrever. Antes de tudo este blog é um incentivo para que eu leia mais e saia um pouco do computador e das redes sociais, e também um ambiente de testes onde poderei brincar com hospedagem de sites, DNS, compra de domínio e outras coisas consideradas muitíssimo divertidas.